Dr. Igor Padovesi - Especialista em Obstretrícia e Ginecologia
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Reposição hormonal: não é questão de opinião

Reposição hormonal: não é questão de opinião

Cada vez mais sou questionado, seja no consultório ou na vida pessoal por amigas: você é a favor da reposição hormonal da menopausa? Ou ainda, me deparo com algumas afirmações: "meu médico é contra hormônios", "hormônios aumentam o risco de câncer e trombose", "os sintomas da menopausa são ruins mas um dia passam". Ou até pior e mais desanimador: "minha médica me disse que é assim mesmo, quando chegamos nessa idade temos que nos adaptar". 

Há algum tempo as decisões na prática clínica deixaram de ser norteadas pela opinião, experiência, ou linha de pensamento da escola onde o médico se graduava. Isso ficou para trás e não há mais espaço para tal pensamento nas boas práticas da medicina moderna. Nos dias atuais, o adequado manejo de quaisquer sintomas que impactam negativamente a qualidade de vida das pacientes devem ser pautados pela "medicina baseada em evidências", que há algum tempo é tida como norte para tomada de condutas médicas e merece destaque na decisão conjunta médico-paciente. 

Em outras palavras, para a decisão final de qual caminho seguir, o médico deve se guiar pelos melhores e mais atualizados estudos científicos, por exemplo: o remédio A é melhor ou pior que o B? Tal procedimento cirúrgico é melhor que outro tratamento para essa condição?  O que eu estou propondo para a minha paciente é o melhor que pode ser oferecido?  

Esses resultados e conclusões nem sempre estão claros à luz da medicina moderna, sobretudo em novas terapias que estão se refinando a cada dia. Centros de pesquisa no mundo todo se esforçam na produção de estudos realizados com metodologia científica rigorosa e uma ampla amostra de pacientes para que os desfechos sejam confiáveis e aplicáveis na população. 

A questão da reposição hormonal da menopausa (tecnicamente o termo mais apropriado é "terapia hormonal da menopausa") já foi pauta de muitas discussões dentro da comunidade médica, porém hoje não há mais espaço para ser apenas  "a opinião" do profissional. Inúmeras sociedades científicas internacionais debruçaram-se sobre o tema e hoje existem consensos, protocolos e diretrizes que guiam o uso seguro e eficaz da terapia hormonal, colocando fim em alguns tabus e pré julgamentos errôneos sobre o assunto.  

Os principais guias e recomendações sobre o assunto são da Sociedade Brasileira de Climatério (2018 - será atualizado em 2023) e da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS), publicado em julho de 2022. Neles estão bem definidas as principais dúvidas relacionadas ao uso da terapia hormonal da menopausa: riscos, benefícios, contra-indicações, exames necessários para início e acompanhamento, tempo estimulado para o tratamento e principalmente quais pacientes teriam benefícios na prescrição do tratamento. 

Claro que, na prática clínica, existem particularidades próprias de cada paciente que devem ser respeitadas e ajustadas individualmente. Para essas questões específicas, pode não haver sustentação científica robusta que responda às dúvidas do profissional e da paciente. Por isso a experiência e conhecimento do médico continuam sendo de extrema importância. Somado a isso, vale recordar que o bom médico é aquele que conhece bem a sua paciente, suas intimidades e preferências, seus medos e angústias e, sobretudo, sua expectativa em relação ao tratamento e melhora da qualidade de vida. Nesse sentido, hoje prega-se um modelo de decisão compartilhada entre o médico e a paciente. Não há mais autoridade e monopolização do saber. Alinhando expectativas, dividindo e compartilhando as decisões e individualizando o tratamento, a chance de um resultado satisfatório é maior. 

Fato é que todo o conhecimento sobre a terapia hormonal da menopausa, à luz da medicina moderna, define claramente que os benefícios da reposição hormonal superam, de longe, os riscos. Com raras exceções (também já bem definidas), a reposição hormonal é indicada para todas as mulheres cujos sintomas da menopausa impactam negativamente a vida diária, devendo ser iniciada logo no aparecimento dos primeiros sintomas. Essa fase é conhecida por transição menopausal, que se inicia com os primeiros ciclos menstruais irregulares e termina definitivamente com a última menstruação da vida da mulher. Esse é o período ideal para início da terapia, diminuindo os riscos e maximizando os benefícios. Além da janela ideal para prescrição hormonal, outro fator relevante é a preferência por hormônios bioidênticos, que tem estrutura química e efeito no corpo mais próximo à molécula biológica, em substituição ao antigo uso de hormônio sintéticos. 

Mulheres tratadas adequadamente durante esse processo de transição para a menopausa não só melhoram significativamente a qualidade de vida (sono, humor, vida profissional e sexual), mas também obtêm uma redução do risco de diversas doenças relacionadas ao envelhecimento e comprovadamente vivem mais…e melhor! 

 

Para mais dúvidas, clique nos links abaixo e assista!

 


Por Dr. Igor Padovesi 

Ginecologista formado e pós-graduado pela USP, médico do Hospital Albert Einstein, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), e criador do projeto Menopausa Com Ciência. 

Site: igorpadovesi.com.br / menopausacomciencia.com.br Instagram: @dr.igorpadovesi / @menopausacomciencia 

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Dr Igor Padovesi é formado e pós-graduado pela USP e atua nos melhores hospitais de SP. Sua equipe é especializada no atendimento e cirurgias de mulheres que moram fora de SP e no exterior.


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